Aos 15 anos, jogador do Botafogo teve autismo diagnosticado na infância quando começou no esporte. Atleta vem se destacando desde 2021 e e já está nas seleções brasileiras de base
Em 2021, Charlison de Sá tomou uma decisão ousada em busca de uma vida melhor. Com seu porte imponente de mais de 1,90m, o garoto introvertido se inscreveu em uma avaliação para as categorias de base do time de basquete do Botafogo. Seu físico e talento impressionaram os olheiros à primeira vista. No entanto, o jovem demonstrou momentos de apatia e falta de concentração durante as partidas e demais atividades. Foi então que o diretor de basquete do Botafogo, Carlos Salomão, entrou em cena e decidiu apoiar a inclusão do atleta. Charlison é apenas um dos mais de 2 milhões de brasileiros com autismo
O jovem possuía uma estatura impressionante, sendo alto e forte, porém enfrentava dificuldades cognitivas. Ele não conseguiu executar as instruções dos treinadores, sofreu na sua reprovação. Charlison percebeu essa situação e, em determinado momento, aproximou-se timidamente de mim. Ele me olhou nos olhos e sussurrou que precisava de ajuda para ser aprovado. Curioso, pediu a ele porque desejava jogar no Botafogo. Sua resposta foi sincera: “Quero ter a chance de ser bom em algo na minha vida”. Aquelas palavras mexeram comigo profundamente, confessou o dirigente.
A aprovação na avaliação foi um ponto de virada na vida de Charlison. Atualmente, aos 15 anos, o jovem residente em Padre Miguel se destaca nas categorias de base do Botafogo. Além disso, ele já faz parte das filhas brasileiras de sua faixa etária, acumulando um impressionante histórico de conquistas em apenas dois anos de alto rendimento.
– O basquete mudou muito a minha vida. Antes do basquete eu não fazia nada. Pô, eu fui a Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo… Vários lugares que eu nunca podia imaginar. Eu acho que eu posso chegar lá. Quero ser jogador profissional de basquete. Quero me destacar e fazer muito sucesso. A minha família tem muito orgulho de mim, de estar honrando-a, de estar trazendo muita felicidade aos meus pais, à minha avó… Quero ajudar todos quando puder. E eu vou conseguir – disse Charlison.
Além do progresso dentro das quadras, o esporte trouxe uma notável melhoria nas habilidades cognitivas de Charlison. Anteriormente reservado, retraído e com dificuldades de concentração, o adolescente se tornou mais expressivo, o que levou a psicóloga do Botafogo, Luiza Salatino, a acreditar que o nível de autismo do atleta evoluiu de moderado para leve desde sua chegada a General Severiano há dois anos.
– O autismo interfere na interação e na comunicação social. O Charlison, quando chegou, era apático, ele pouco interagia, pouco se comunicava. Ele vivia num universo dele. O Charlison também era muito desatento, tinha dificuldades de concentração e foco. Hoje ele consegue prestar mais atenção, tem mais capacidade das funções executivas, de pensamento, de memória. A questão da socialização com outros jogadores influiu muito na evolução dele – explicou Luiza.
Fonte: GE (Globo Esporte)
Larissa Fernandes